Por Werner Ximendes Beck
(Segunda parte do diário de bordo da visita à Brasília, DF)
O Aramis não foi muito com a minha cara, mas se deu muito bem com a Cristiane que, por ter sido dona de gatos entende bem o "felinês" (conjunto de miados longos e breves que associados a roncos podem ser interpretados e traduzidos por pessoas dotadas de tal capacidade e sensibilidade). Daí o gato contou para ela que, quando ele era pequeno, seu dono voltava do trabalho, quase sempre, com forte odor etílico, trôpego e falando de um jeito arrastado; que para não quebrar os copos, senão iria apanhar da Eneida, tomava água diretamente na torneira; que, tendo em vista que seu proprietário o deixava encarcerado no calorão de Brasília, muitas vezes ficou sem água no pote; que, como estava louco de sede, aproveitava a oportunidade e tomava água junto com o chefe; que, por repetição quase diária, acabou aprendendo como é que se fazia; que dá razão a Charles Darwin, pois leu a "Evolução das Espécies" quando estava só e percebeu que tinha se adaptado para sobreviver; que sabia o que era odor etílico por ter lido a coletânea de contos "Bafo de Onça"; que o autor que mais gosta é um tal de Ali Lulla Babá da Silva, pois nem parece ser obra de ficção suas narrativas; que permitiria ser fotografado, sem ônus, para demostrar seu relato.
De minha parte fiquei surpreso com o relato do gato, mantive segredo e quase não acreditei quando a Cristiane me contou sobre o papo que ela teve com o Aramis. Ainda bem que ele se deixou fotografar para demonstrar que realmente toma água na torneira. Aramis se manteve calado quando perguntado se seu dono deixou do trago, disse que além de ser intelectual aprende muita coisa com a política de Brasília e
que só fala em juízo, sem coleira ou focinheira.
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