sexta-feira, 3 de julho de 2009

Carteado, glúteos brancos, Michael Jackson e balões (parte 1)

Por Werner Ximendes Beck

Temos uma turma de carteado aqui na região central do Continente de São Pedro, só casais hetero, rola dinheiro grosso, pobre não entra, político também não (eles que vão roubar em outra freguesia), casal ciumento ou preconceituoso nem pensar, ao final de longas rodadas de jogo, todos nós, homens e mulheres, estamos com as sudoríparas no ponto máximo de segregação, o ambiente fica pesado, uma “inhaca” danada torna o ar quase irrespirável, tudo provocado pela tensão do jogo, afinal são milhões de dólares trocando de mãos.

Depois da jogatina todos vamos tomar banho, todos nus, chuveiros mistos, sem preconceito ou malícia, todo o jogador tem olho discreto, inclusive tal prática foi aprovada em Assembléia Geral, visava exercitar o olhar para depois ser aplicado para observar as cartas do adversário. Um dos testes mensais é descobrir qual das jogadoras tatuou uma pequena carochinha num furinho da celulite (não pode meter o dedo), ela lucra por cada dia que não foi descoberta, o acertador leva milhões de dólares. Os pançudos também participam, cada mês um é escolhido para esconder uma pilha “AA” nas dobrinhas (qualquer dobrinha), a guria que acha também leva milhões de dólares (não vale fazer cócegas).

Um de nossos grandes parceiros era Michael Jackson, volta e meia pegava seu jatinho e aparecia para um joguinho, dizia que aqui ele descansava, que não tinha ninguém enchendo o saco, que dava para tomar banho pelado em grupo sem medo de ser acusado de pedófilo, tarado, degenerado ou outros adjetivos análogos. Sempre tomava dois martelinhos de canha, dizia que era para “clarear as vistas”, adorava uma costela de ovelha assada, só tinha que ser bem magrinha e não mateava, tinha medo de absorver pigmentos verdes. “Nem pensar em trocar de cor de novo”, dizia.

O mal dele era que perdia muito, deixou uma dívida enorme. A imprensa marrom inventou que suas contas eram provenientes de empréstimos com terceiros, lorota, era com a nossa turma de jogo, várias vezes tivemos que rachar o combustível do avião para ele poder voltar, daí ele disse que iria fazer uns shows em Londres para amortizar parte dos prejuízos, morreu antes, baita azar. Ficou uma enorme saudade do nosso simpático parceiro de carteado, ninguém da turma compareceu às exéquias para não dar na vista da Receita Federal, dizem que o jogo é ilegal, estranho, deve ser porque é legal o que fazem certos honestos congressistas, e não temos como cobrar a conta, tudo ficou na palavra, tanto em português como em inglês, nos ferramos.

Há tempos foi feita uma enquete e descobriu-se que o que as gurias não gostavam de ho-mens de glúteos brancos, ou era bronzeado total ou era branco total. Em vista das alegações das meninas eu costumo tomar banho de sol, nuzinho, todos os dias, faça chuva ou sol, frio ou calor, pois não é que certo dia, antes do Michael morrer, eu estava me bronzeando no pátio e levei um susto, largaram um monte de balões a fim de espiar a turma que estava tomando banho de sol, visavam localizar e identificar os “carteadores”, golpe falho, vesti minhas bermudas e fotografei vários dos espiões. Naquele dia o jogo saiu igual, mas Michael não pode vir porque com o Festival de Balões o espaço aéreo foi fechado, foram suspensos todos os vôos, nem imaginávamos que já tínhamos nos despedido do amigo.



 

 
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