segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O ‘MARIA-FUMAÇA’

 
Por Paccelli José Maracci Zahler

Quase todos os dias, ao redor das 12 horas, quando estávamos saindo do Colégio N. S. Auxiliadora, ouvíamos um ‘shiii!shiii!shiii!’ cadenciado, como um trem Maria-Fumaça.
Era um senhor de cor azeviche carregando viandas de cinco recipientes em cada uma das mãos, que costumava percorrer a cidade de norte a sul correndo para entregar comida em casas de família.
Não demorou muito para ele receber o apelido de ‘Maria-Fumaça’.
Ficou conhecidíssimo na cidade, percorria a Avenida Sete de Setembro, chamando a atenção das pessoas.
Volta e meia, era notícia por seus acessos de agressividade. Armado com um porrete, saía batendo nos carros estacionados, causando prejuízos aos seus donos.
Um dia, eu estava descendo a Avenida Sete e levei um tremendo de um susto. Ele dobrou a esquina e subiu pela calçada onde eu estava, com uma corda nas mãos, e começou a bater nas pessoas. Eu fiquei paralisado, mas, felizmente, escapei ileso.
Diziam que, em determinadas ocasiões, ele abaixava as calças para mostrar seus dotes para as meninas. Como era desequilibrado, ninguém fazia queixas às autoridades competentes.
Um dia, estávamos esperando o horário de entrada para a aula de Educação Física no portão de trás do colégio. O ‘Maria-Fumaça’ dobrou a esquina correndo, com as viandas nas mãos, e fazendo o chiado característico de um trem.
Ao passar pelo grupo uniformizado para a aula de Educação Física, é claro que não escapou das piadinhas.
- Aí, ‘Maria-Fumaça’! – gritou um.
- Corre, negão, corre! – disse outro.
- Vai mais rápido, ô maricas! – gritou uma voz não identificada.
Para quê! O ‘Maria-Fumaça’ parou, largou as marmitas no chão, e encarou a turma toda.
Foi uma correria danada. Abriu-se um vazio no meio do grupo. Teve gente que foi parar atrás da esquina do susto que levou.
Pois bem, o ‘Maria-Fumaça’ abaixou as calças, revelando uma ‘anaconda descomunal’, levantou os braços, e gritou:
- Vem, vem! Vem aqui ver se eu sou maricas, vem!
Ficou todo mundo embasbacado pela atitude e pela ‘visão’ da ‘coisa’.
Como ninguém se manifestou, ele vestiu suas calças, pegou as marmitas e foi embora compassadamente, com aquele chiado característico: “Shiii!Shiii!Shiii!Shiii!”
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