quinta-feira, 12 de junho de 2008

UM CASAMENTO ARRANJADO

Por Sérgio Moacir Pereira Fontana

Festa junina que se preze sempre tem casamento. O pessoal do vilarejo se aproveita do fuzuê e da bebedeira e obriga, muitas vezes, o cabra safado a casar com a moça a quem ele fez mal. Não foi diferente nessa noite aí, comemorada e bebemorada nas dependências da Academia Fernanda Grill, em Pelotas.
Eu que recém tinha arrumado uma namorada pra lá de linda (fig. 1),
 

fui surpreendido pela chegada de um bando de desordeiras que escoltavam uma outra desordeira, já vestida de noiva e “prenhe” de uns 6 ou 7 meses (fig. 2).
 

O pai da dita cuja que aparece aí, agachado e olhando meio desconfiado, disse que eu era o responsável pelo problema e resolveu me ameaçar com uma garrucha entupida de pólvora que, diga-se de passagem, ele escondeu embaixo do blusão para não sair no flagrante (fig. 3).
 

Meio a contragosto, porém pensando primeiro em não arriscar a vida, aceitei o “pedido de casamento” e tratei de posar para a foto, já com a minha noiva a tiracolo (fig. 4).
 
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O casamento aconteceu logo em seguida, e a festa continuou animada, conforme dá para ver na cara das meninas e principalmente na da noiva, cuja honra foi devidamente resgatada (fig. 5).
 

Mas no meio da festa e de toda a confusão, uma pergunta me ocorreu, e eu perguntei a este cabra que aparece aí levantando o dedo (fig. 6),
 

se beijo engravidava. A resposta dele veio simples e direta: como ele não podia falar devido à alta porcentagem de álcool no sangue, simplesmente levantou o polegar, e eu imaginei que aquilo queria dizer “sim”. Aquilo me tranqüilizou e fiquei feliz porque agora tinha certeza que era, realmente, o pai da criança. Só não entendi uma coisa: depois do casório a minha noiva resolveu se enrabichar com um cabra que apareceu por lá, e nem me dirigiu mais a palavra. Eu não vi nada mais além disto que está aí (fig. 7),
 
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mas achei estranho o modo como ele cochichava no ouvido, beijava o pescoço e segurava na cintura dela. Parecia que se conheciam há muito tempo. Depois fiquei pensando: vai ver que são primos, passaram muito tempo longe um do outro e estão só matando a saudade.

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