sábado, 30 de junho de 2007
DÍVIDA DE GRATIDÃO
Foto de Dom José Balestieri, bispo de Rio do Sul, SC.
Fonte: Internet.
DÍVIDA DE GRATIDÃO
Por Paccelli José Maracci Zahler
Eu tenho uma dívida de gratidão com o Padre José Baletieri por um gesto simples dele em sala de aula.
Corria o ano de 1971, nós começávamos a estudar Álgebra e eu não conseguia entender a lógica do ax+b=c. Por não entender, não conseguia estudar, pois parecia que estava estudando grego ou russo.
Um dia, o Padre José Balestieri me chamou no quadro para resolver um problema.
Morrendo de vergonha, eu fui, peguei o giz, pensei, pensei e não saiu nada.
Eu disse:
- Professor, eu não consigo! Não entendo nada!Não sei fazer!
Eu já estava me dirigindo para a carteira, cabisbaixo, quando ele me chamou:
- Espera aí!Volta e pega o giz!
- Professor, eu não consigo resolver o problema! - respondi.
Ele me disse, calmamente:
- Pega o giz que eu te ensino!
E foi me conduzindo passo a passo para a solução da equação.
Depois, me deu outra equação para resolver.
Ainda inseguro, eu segui o seu método passo a passo e perguntei:
- É esse o resultado?
Ele me respondeu:
- Isso mesmo! Viu como não é difícil?
Desse dia em diante, passei a me dedicar com afinco ao estudo da Álgebra e nunca mais tive dificuldades.
O gesto do Padre José Balestieri me marcou muito pela forma como ele me tratou, me ajudou ao invés de punir, e despertou em mim o interesse pela Matemática.
Se fosse outro professor, certamente, me daria um zero e me passaria um sabão na frente de toda a classe, atitudes que testemunhei várias vezes ao longo da minha vida de estudante.
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Homem na Lua - nós testemunhamos (julho/1969)(vídeo)
Apolo 11, 1969.
Fonte: YouTube.
Alguns colegas nossos assistiram ao vivo,em preto e branco,à meia-noite, do dia 20/07/1969, pela TV Gaúcha, Canal 12, de Porto Alegre, RS.
Quem não tinha televisão, acompanhou pelos jornais e revistas.
Em 1970, no "clube literário", o Padre Guerino Stringari exibiu um documentário em cores, de cerca uma hora de duração,com todas as etapas do evento.
A PROVA DE HISTÓRIA
Por Sérgio Fontana
A PROVA DE HISTÓRIA
Sérgio Fontana
Estávamos no 2º Científico (1975) e o professor de História, Getúlio Moraes, resolveu elaborar suas provas com dez questões objetivas, com quatro alternativas (A, B, C e D), das quais somente uma seria correta.
As turmas A e B, do Segundo Ano, tinham aulas de História em horários seqüenciais, separados pelo intervalo do recreio de 15 ou 20 minutos.
Normalmente, as provas eram aplicadas no mesmo dia para as duas turmas, mas com alterações na ordem ou no conteúdo das questões, como de praxe.
Em certa ocasião, no dia da prova, o Lucinei apareceu com uma novidade durante o recreio: a turma A já havia feito a prova e ele havia descoberto que seria aplicada a mesma prova para a turma B.
Como descobrira o gabarito, criou um jeito mnemônico de repassá-lo para os demais:”CÊBÊ, DÊ A BADACA!”, ou seja: 1) C; 2)B; 3)D; 4) A; 5) B; 6) A; 7) D; 8) A; 9) C; e 10) A.
Estabeleceu como regra que, para não dar na vista, seria bom errar algumas, tirar um 8, um 9.
Acontece que alguns espertinhos resolveram “fazer barba, cabelo e bigode” e cravaram um 10 (dez), que deixaram o Prof. Getúlio emocionado.
De toda a turma, somente o Célio Ricardo não participou, por ser muito estudioso e honrado. Sua nota ficou bem abaixo dos demais. Ele tirara 5,0 (cinco).
O Prof. Getúlio estranhou o resultado discrepante e começou a investigar. Acabou descobrindo o esquema.
Na aula seguinte, visivelmente irritado, passou um sabão na turma e disse para o Célio, exatamente com estas palavras:
- Célio, tu não vais ficar com esta nota!
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Padre José Balestieri
Colaboração: Lucinei Silveira.
O Padre José Balestieri foi nosso professor de Educação Moral e Cívica e de Matemática entre 1970 e 1972. Era também tesoureiro do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.
Na foto, ele entrega o certificado de conclusão do Curso Ginasial (1º Grau) ao colega Lucinei Silveira, em dezembro de 1973.
>
Atualmente, é bispo de Rio do Sul, SC, Dom José Jovêncio Balestieri, como se pode ver nas fotos de 2005.
terça-feira, 26 de junho de 2007
Charge - Cláudio Falcão de Azevedo
Fonte: www.jornalminuano.com.br
Charge do nosso colega Cláudio Correa Falcão de Azevedo para o Jornal "O Minuano", Bagé, RS.
Seu talento desabrochou durante o período do Ginásio e Científico do Colégio N.S. Auxiliadora.
Cláudio Correa Falcão de Azevedo graduou-se em Medicina Veterinária nas Faculdades Unidas de Bagé - FAT-FUnBa (hoje, URCAMP).
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Que nossa amizade seja para sempre...
"Amigos para siempre" - Sarah Brightman e José Carreras
Fonte: YouTube.com.
domingo, 24 de junho de 2007
Casa do nosso colega José Pedro Fuchs
Dom Bosco (nosso padroeiro e protetor)
Padre Lino Fistarol (professor, mestre da banda e diretor)
Padre Guerino Stringari (professor e diretor)
Fonte:internet.
O Padre Guerino Stringari foi nosso professor de português no Curso Ginasial lá por 1972 e era diretor do Colégio N.S. Auxiliadora.
Ele criou uma espécie de clube literário onde, em determinado dia da semana, os alunos apresentavam poesias, curiosidades, pesquisas e, os melhores, ganhavam um prêmio (uma revista, uma imagem de santo, etc.).
Colégio Estadual Dr. Carlos Kluwe (nosso rival)
Colégio Espírito Santo (educandário de origem de muitas das nossas colegas)
O ANIVERSÁRIO DA RÁDIO DIFUSORA
O ANIVERSÁRIO DA RÁDIO DIFUSORA
Paccelli M. Zahler
A Rádio Difusora, a voz de Bagé, foi inaugurada em 27 de fevereiro de 1956. Nessa data, era tradição na cidade a apresentação de bandas e fanfarras em frente aos estúdios da empresa em homenagem ao aniversário daquele importante veículo de comunicação que, juntamente com a Rádio Cultura e a Rádio Clube, facilitava a integração e difundia notícias de interesse da Região da Campanha do Rio Grande do Sul.
Se minha memória não me engana, tudo aconteceu lá pelo ano de 1973, quando eu era integrante da Banda Marcial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora que, por sua vez, tinha a regência do Padre Lino Fistarol.
Na Semana da Pátria, havíamos estreado os nossos novos uniformes. Calça branca, luvas brancas, polainas brancas sobre sapato preto, túnica vermelha com galonas douradas, quepe com penachos de náilon, acrescidos de uma afinação primorosa.
Fomos convocados durante as férias escolares para os ensaios visando a apresentação em frente aos estúdios da Rádio Difusora. Iríamos tocar o “Parabéns a Você” em ritmo de valsa e nada podia dar errado.
O capricho foi tanto que alguns músicos da Banda da 3a. Brigada de Cavalaria Mecanizada iam freqüentemente aos nossos ensaios para nos ensinar algumas técnicas e ajudar o Padre Lino Fistarol no aperfeiçoamento das nossas evoluções.
Para uma apresentação impecável, passamos mais de mês ensaiando todos os dias.
No dia marcado, nos concentramos em frente ao Colégio, fizemos a volta na Praça de Esportes em formação, nos posicionamos próximos à Farmácia Rio Branco e, a um sinal do trompete do Padre Lino Fistarol, começamos a desfilar na Avenida Sete de Setembro em direção ao prédio da Rádio Difusora, tocando um trecho da obra “Aída” de Verdi, nossa peça de abertura.
Em fevereiro, pleno verão, as temperaturas em Bagé são bastante elevadas. Como o sol batia diretamente no prédio, por uma questão de conforto para os convidados, o palanque havia sido posicionado do outro lado, à sombra, na calçada oposta ao edifício sede da Rádio Difusora.
O mestre de cerimônias era o Prof. Frederico Petrucci, nosso professor de geografia e apresentador de um programa radiofônico dominical de música erudita naquele veículo de comunicação.
Quando chegamos ao prédio da Rádio Difusora, permanecemos virados para o sul, na direção da Praça Silveira Martins, enquanto o mestre de cerimônias fazia as apresentações, ressaltando o trabalho da Rádio Difusora e a tradição da presença da Banda Marcial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora no evento.
No momento de tocar o “Parabéns a Você”, o Padre Lino Fistarol ficou preocupado porque havíamos ensaiado para ficarmos de frente para o prédio da homenageada. Sinalizou, então, com o seu trompete, para virarmos para o palanque. Alguns de nós não entenderam o sinal, eu inclusive, e viraram para o prédio da Rádio Difusora. Foi o maior vexame! Metade dos membros da Banda ficaram voltados para o prédio e a outra metade para o palanque.
A coisa piorou quando os que estavam virados para o palanque viraram para o prédio e os que estavam virados para o prédio voltaram-se para o palanque.
Ficamos paralisados, ouvindo o roçar dos sapatos nos paralelepípedos virando para cá e para lá.
Quando acertamos a posição, com todos virados para o palanque, o Padre Lino Fistarol estava mais vermelho que a nossa túnica.
Houve um momento de silêncio, seguido de uma tremenda vaia do público, especialmente dos nossos arqui-rivais da Banda do Colégio Estadual Dr. Carlos Kluwe que haviam se apresentado momentos antes.
O Padre Lino Fistarol respirou fundo, deu o sinal para tocarmos o “Parabéns a Você” e tocamos. Tocamos e tocamos com garra, com a alma. Fizemos algumas evoluções e retornamos ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora mortos de vergonha.
No outro dia, não se falava em outra coisa a não ser o vexame da Banda Marcial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, orgulho do Padre Lino Fistarol.
Lembro-me do Chico comentando que seu pai estava na platéia, feliz da vida, falando para todo mundo que tinha certeza que a nossa apresentação seria a melhor de todas pois tínhamos no repertório trechos de várias peças clássicas.
No momento do episódio, ele teve vontade que o chão se abrisse, contudo ficou repleto de alegria quando a homenagem à aniversariante foi, no mínimo, impecável. E teria repetido, praticamente em transe, para os que o cercavam:”Eu disse que eles tocavam bem! Eu disse que eles tocavam bem!”
(Publicado na Revista Acadêmica, nº 7, nov/dez 2001, p.60-61)
Paccelli M. Zahler
A Rádio Difusora, a voz de Bagé, foi inaugurada em 27 de fevereiro de 1956. Nessa data, era tradição na cidade a apresentação de bandas e fanfarras em frente aos estúdios da empresa em homenagem ao aniversário daquele importante veículo de comunicação que, juntamente com a Rádio Cultura e a Rádio Clube, facilitava a integração e difundia notícias de interesse da Região da Campanha do Rio Grande do Sul.
Se minha memória não me engana, tudo aconteceu lá pelo ano de 1973, quando eu era integrante da Banda Marcial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora que, por sua vez, tinha a regência do Padre Lino Fistarol.
Na Semana da Pátria, havíamos estreado os nossos novos uniformes. Calça branca, luvas brancas, polainas brancas sobre sapato preto, túnica vermelha com galonas douradas, quepe com penachos de náilon, acrescidos de uma afinação primorosa.
Fomos convocados durante as férias escolares para os ensaios visando a apresentação em frente aos estúdios da Rádio Difusora. Iríamos tocar o “Parabéns a Você” em ritmo de valsa e nada podia dar errado.
O capricho foi tanto que alguns músicos da Banda da 3a. Brigada de Cavalaria Mecanizada iam freqüentemente aos nossos ensaios para nos ensinar algumas técnicas e ajudar o Padre Lino Fistarol no aperfeiçoamento das nossas evoluções.
Para uma apresentação impecável, passamos mais de mês ensaiando todos os dias.
No dia marcado, nos concentramos em frente ao Colégio, fizemos a volta na Praça de Esportes em formação, nos posicionamos próximos à Farmácia Rio Branco e, a um sinal do trompete do Padre Lino Fistarol, começamos a desfilar na Avenida Sete de Setembro em direção ao prédio da Rádio Difusora, tocando um trecho da obra “Aída” de Verdi, nossa peça de abertura.
Em fevereiro, pleno verão, as temperaturas em Bagé são bastante elevadas. Como o sol batia diretamente no prédio, por uma questão de conforto para os convidados, o palanque havia sido posicionado do outro lado, à sombra, na calçada oposta ao edifício sede da Rádio Difusora.
O mestre de cerimônias era o Prof. Frederico Petrucci, nosso professor de geografia e apresentador de um programa radiofônico dominical de música erudita naquele veículo de comunicação.
Quando chegamos ao prédio da Rádio Difusora, permanecemos virados para o sul, na direção da Praça Silveira Martins, enquanto o mestre de cerimônias fazia as apresentações, ressaltando o trabalho da Rádio Difusora e a tradição da presença da Banda Marcial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora no evento.
No momento de tocar o “Parabéns a Você”, o Padre Lino Fistarol ficou preocupado porque havíamos ensaiado para ficarmos de frente para o prédio da homenageada. Sinalizou, então, com o seu trompete, para virarmos para o palanque. Alguns de nós não entenderam o sinal, eu inclusive, e viraram para o prédio da Rádio Difusora. Foi o maior vexame! Metade dos membros da Banda ficaram voltados para o prédio e a outra metade para o palanque.
A coisa piorou quando os que estavam virados para o palanque viraram para o prédio e os que estavam virados para o prédio voltaram-se para o palanque.
Ficamos paralisados, ouvindo o roçar dos sapatos nos paralelepípedos virando para cá e para lá.
Quando acertamos a posição, com todos virados para o palanque, o Padre Lino Fistarol estava mais vermelho que a nossa túnica.
Houve um momento de silêncio, seguido de uma tremenda vaia do público, especialmente dos nossos arqui-rivais da Banda do Colégio Estadual Dr. Carlos Kluwe que haviam se apresentado momentos antes.
O Padre Lino Fistarol respirou fundo, deu o sinal para tocarmos o “Parabéns a Você” e tocamos. Tocamos e tocamos com garra, com a alma. Fizemos algumas evoluções e retornamos ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora mortos de vergonha.
No outro dia, não se falava em outra coisa a não ser o vexame da Banda Marcial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, orgulho do Padre Lino Fistarol.
Lembro-me do Chico comentando que seu pai estava na platéia, feliz da vida, falando para todo mundo que tinha certeza que a nossa apresentação seria a melhor de todas pois tínhamos no repertório trechos de várias peças clássicas.
No momento do episódio, ele teve vontade que o chão se abrisse, contudo ficou repleto de alegria quando a homenagem à aniversariante foi, no mínimo, impecável. E teria repetido, praticamente em transe, para os que o cercavam:”Eu disse que eles tocavam bem! Eu disse que eles tocavam bem!”
(Publicado na Revista Acadêmica, nº 7, nov/dez 2001, p.60-61)
FALCÃO, CHARGISTA E ESCRITOR
FALCÃO, CHARGISTA E ESCRITOR
Paccelli M. Zahler
Foi com seis meses de atraso que recebi o livro “Seis Contistas Bageenses”, resultante de uma Oficina de Criação Literária Alcy Cheuiche – 2004.
Fiquei muito contente em ver entre os contistas o meu companheiro de Ginásio e Científico do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora Cláudio Falcão de Azevedo, o Falcão.
Tive o privilégio de conviver diretamente com o Falcão e acompanhar o seu crescente interesse pelo desenho humorístico. Este surgia em qualquer momento ou lugar e circulavam de mão em mão durante as aulas com muito sucesso.
Na hora do recreio, Falcão mantinha-nos entretidos com suas “performances” e piadas. Eram tiradas rápidas que nos pegavam desprevenidos, particularmente a mim, que demorava alguns segundos a mais para entendê-las.
Quando o Mini-Cine Difusora passou o filme “Operação Dragão”, com Bruce Lee, o ídolo do “kung fu” e o seriado “Kung Fu”, com o David Carradine, era transmitido semanalmente pela TV Gaúcha, nossa turma ficou apaixonada pelo assunto e começou a discutir nas rodinhas formadas entre uma aula e outra a filosofia oriental.
Falcão decidiu-se por matricular-se em um curso de caratê Shotokan que havia sido aberta em Bagé. Entre suas leituras preferidas, Lobsang Rampa.
Chegamos a fazer alguns trabalhos escolares juntos. Meu grande problema era me entender com Farah Diba, sua cadela de estimação da raça Pastor Alemão (salvo engano, porque não tinha coragem de encará-la).
Modéstia à parte, a parceria deu certo e obtivemos boas notas nos trabalhos de História prescritos pelo Prof. Getúlio.
Concluído o Curso Científico (2º Grau) prestamos vestibular para a FAT-FunBa (URCAMP), na época em que as provas eram elaboradas pela Universidade Federal de Santa Maria. Ele para Medicina Veterinária, eu para Engenharia Agronômica.
Dada a diferença de assuntos e interesses, nossos caminhos se separaram.
Há cerca de dois anos, navegando pela “internet”, encontrei a página do jornal O Minuano com uma charge assinada pelo Falcão.
Olhei detalhadamente e pensei: “Tenho certeza de que conheço esse traço?”
Remexi na minha caixa de recordações, comparei alguns desenhos que guardei (os primeiros ensaios de Falcão como chargista, onde o personagem era eu) e tive certeza de que se tratava do Cláudio Falcão.
Sim, o Cláudio Falcão, fã incondicional de Arsène Lupin, personagem do escritor francês Maurice Leblanc.
Em seus contos, Cláudio Falcão mostra que seu talento como escritor caminha “pari passu” com o de chargista. Seus contos são agradáveis e refletem, com certeza, parte de suas experiências pessoais.
Chamou-me a atenção sua pequena autobiografia onde consta que “dizia desde sempre que morreria em Bagé”, não tendo hoje a mesma convicção.
Nesse ponto, temos algo em comum.
Paccelli M. Zahler
Foi com seis meses de atraso que recebi o livro “Seis Contistas Bageenses”, resultante de uma Oficina de Criação Literária Alcy Cheuiche – 2004.
Fiquei muito contente em ver entre os contistas o meu companheiro de Ginásio e Científico do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora Cláudio Falcão de Azevedo, o Falcão.
Tive o privilégio de conviver diretamente com o Falcão e acompanhar o seu crescente interesse pelo desenho humorístico. Este surgia em qualquer momento ou lugar e circulavam de mão em mão durante as aulas com muito sucesso.
Na hora do recreio, Falcão mantinha-nos entretidos com suas “performances” e piadas. Eram tiradas rápidas que nos pegavam desprevenidos, particularmente a mim, que demorava alguns segundos a mais para entendê-las.
Quando o Mini-Cine Difusora passou o filme “Operação Dragão”, com Bruce Lee, o ídolo do “kung fu” e o seriado “Kung Fu”, com o David Carradine, era transmitido semanalmente pela TV Gaúcha, nossa turma ficou apaixonada pelo assunto e começou a discutir nas rodinhas formadas entre uma aula e outra a filosofia oriental.
Falcão decidiu-se por matricular-se em um curso de caratê Shotokan que havia sido aberta em Bagé. Entre suas leituras preferidas, Lobsang Rampa.
Chegamos a fazer alguns trabalhos escolares juntos. Meu grande problema era me entender com Farah Diba, sua cadela de estimação da raça Pastor Alemão (salvo engano, porque não tinha coragem de encará-la).
Modéstia à parte, a parceria deu certo e obtivemos boas notas nos trabalhos de História prescritos pelo Prof. Getúlio.
Concluído o Curso Científico (2º Grau) prestamos vestibular para a FAT-FunBa (URCAMP), na época em que as provas eram elaboradas pela Universidade Federal de Santa Maria. Ele para Medicina Veterinária, eu para Engenharia Agronômica.
Dada a diferença de assuntos e interesses, nossos caminhos se separaram.
Há cerca de dois anos, navegando pela “internet”, encontrei a página do jornal O Minuano com uma charge assinada pelo Falcão.
Olhei detalhadamente e pensei: “Tenho certeza de que conheço esse traço?”
Remexi na minha caixa de recordações, comparei alguns desenhos que guardei (os primeiros ensaios de Falcão como chargista, onde o personagem era eu) e tive certeza de que se tratava do Cláudio Falcão.
Sim, o Cláudio Falcão, fã incondicional de Arsène Lupin, personagem do escritor francês Maurice Leblanc.
Em seus contos, Cláudio Falcão mostra que seu talento como escritor caminha “pari passu” com o de chargista. Seus contos são agradáveis e refletem, com certeza, parte de suas experiências pessoais.
Chamou-me a atenção sua pequena autobiografia onde consta que “dizia desde sempre que morreria em Bagé”, não tendo hoje a mesma convicção.
Nesse ponto, temos algo em comum.
Lagarteando no pátio do Auxiliadora
Em pé, da esquerda para direita: Werner, Paccelli, Balzer, Ivelise(?)Storniolo (blusa branca), Olga, Ana, Soraya e Kika.
Sentados, da esquerda para a direita: Rudi, Cláudio Falcão, Sílvia Dalmazo, Lucinei Silveira e Maria Cristina (Tininha).
Colaboração: Lucinei Silveira.
Um piquenique (1975/1976)
Da esquerda para a direita: Balzer, Miguel, Ana, Sílvia, Soraya, Werner (de cabeça para baixo) e Maria Cristina (recostada).
Colaboração: Lucinei Silveira.
MEMÓRIAS DO PROF. CONTREIRAS
MEMÓRIAS DO PROF. CONTREIRAS
Paccelli José Maracci Zahler*
Foi com consternação que recebi a notícia do passamento do Prof. Eduardo Contreiras Rodrigues por meio da página eletrônica da Rádio Difusora.
Tive o privilégio de ter sido aluno do Prof. Contreiras, como o chamávamos, lá pelos idos do início dos anos 1970 (creio que 1971/72, se não me falha a memória), no Curso Ginasial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.
Naquela época, o Colégio N. S. Auxiliadora não admitia meninas, tinha uma disciplina rígida e qualquer deslize era motivo para anotações na caderneta e queixa para os pais. Sem falar em alguns castigos, como por exemplo, ficar uma hora virado para a parede, como aconteceu comigo e alguns colegas flagrados em uma brincadeira pelo Padre Erwin, responsável pela disciplina.
O Prof. Contreiras foi anunciado como nosso professor de geografia. Fiquei contentíssimo porque sabia do seu alto conceito como excelente mestre, mesmo porque ele havia sido professor do meu pai e da minha tia.
Lembro-me de vê-lo caminhando pelos corredores, material de trabalho embaixo do braço, e fumando seu cachimbo com odor agradável de chocolate, que preenchia todo o ambiente.
É claro que, tentando seguir seu exemplo em uma época que o fumo não era proibido, comprei um cachimbo logo que me radiquei em Brasília, DF, em 1982.Porém, quis a natureza que eu não adquirisse o hábito devido a uma alergia à fumaça. Isto acabou trazendo benefícios à minha saúde, uma vez que nunca consegui fumar.Se o fizesse, minha garganta ficava irritada por, no mínimo, uma semana.
Minhas primeiras aulas com o Prof. Contreiras foram sobre astronomia. Ele falava sobre a formação do Universo, a forma da Terra, a rotação dos planetas ao redor do Sol, os eclipses, etc. Eu ficava fascinado, porque fazia pouco tempo que o homem havia pisado na Lua e eu acompanhava avidamente tudo o que era noticiado.
Certa feita, o Prof. Contreiras perguntou em sala se alguém saberia dizer como se chamava a lei universal que fazia com que os corpos caíssem no chão.
Os alunos se entreolharam em busca de ajuda mútua.
Um colega corajoso soltou a pérola:
- Lei da Gravidez, professor!
Gargalhada geral.
O Prof. Contreiras permaneceu sério, esperou as gargalhadas cessarem e, muito calmamente, perguntou ao aluno:
- Isso foi alguma brincadeira, meu filho?
O aluno respondeu:
- Não, professor! Eu pensei que era a Lei da Gravidez!
- Na realidade, chama-se Lei da Gravidade, foi descoberta por Isaac Newton, e...
O Prof. Contreiras discorreu longamente sobre o tema, encantando-nos a todos.
Hoje, tomo-o como exemplo de mestre.Didático, preciso em suas explanações, nunca o vi tomando atitudes extremas.
Naquela época, em que tudo era motivo para a imposição da disciplina, principalmente em um colégio só de meninos, tenho certeza de que, se fosse outro professor, o aluno teria sido encaminhado ao responsável pela disciplina para a devida punição por ter tumultuado a aula.
Uma outra característica do Prof. Contreiras, foi a utilização de mapas, cartazes, desenhos para ajudar os alunos a fixar a matéria.
O método mais utilizado na época era a memorização. Tínhamos que decorar lições inteiras que eram tomadas oralmente, um a um, na aula seguinte. Como resultado, repetíamos vírgula por vírgula, mas não entendíamos muito bem a matéria.
Por alguma razão, o Prof. Contreiras ficou com a minha turma por pouco tempo, sendo substituído por outro professor que continuou com o método tradicional.
Trinta e três anos depois, o Prof. Contreiras acabou nos deixando em definitivo, atendendo a um chamado Superior.
Ficaram a suas lições e seu exemplo guardados na minha memória.
*Paccelli José Maracci Zahler, bageense,engenheiro agrônomo, radicado em Brasília, DF.
Paccelli José Maracci Zahler*
Foi com consternação que recebi a notícia do passamento do Prof. Eduardo Contreiras Rodrigues por meio da página eletrônica da Rádio Difusora.
Tive o privilégio de ter sido aluno do Prof. Contreiras, como o chamávamos, lá pelos idos do início dos anos 1970 (creio que 1971/72, se não me falha a memória), no Curso Ginasial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.
Naquela época, o Colégio N. S. Auxiliadora não admitia meninas, tinha uma disciplina rígida e qualquer deslize era motivo para anotações na caderneta e queixa para os pais. Sem falar em alguns castigos, como por exemplo, ficar uma hora virado para a parede, como aconteceu comigo e alguns colegas flagrados em uma brincadeira pelo Padre Erwin, responsável pela disciplina.
O Prof. Contreiras foi anunciado como nosso professor de geografia. Fiquei contentíssimo porque sabia do seu alto conceito como excelente mestre, mesmo porque ele havia sido professor do meu pai e da minha tia.
Lembro-me de vê-lo caminhando pelos corredores, material de trabalho embaixo do braço, e fumando seu cachimbo com odor agradável de chocolate, que preenchia todo o ambiente.
É claro que, tentando seguir seu exemplo em uma época que o fumo não era proibido, comprei um cachimbo logo que me radiquei em Brasília, DF, em 1982.Porém, quis a natureza que eu não adquirisse o hábito devido a uma alergia à fumaça. Isto acabou trazendo benefícios à minha saúde, uma vez que nunca consegui fumar.Se o fizesse, minha garganta ficava irritada por, no mínimo, uma semana.
Minhas primeiras aulas com o Prof. Contreiras foram sobre astronomia. Ele falava sobre a formação do Universo, a forma da Terra, a rotação dos planetas ao redor do Sol, os eclipses, etc. Eu ficava fascinado, porque fazia pouco tempo que o homem havia pisado na Lua e eu acompanhava avidamente tudo o que era noticiado.
Certa feita, o Prof. Contreiras perguntou em sala se alguém saberia dizer como se chamava a lei universal que fazia com que os corpos caíssem no chão.
Os alunos se entreolharam em busca de ajuda mútua.
Um colega corajoso soltou a pérola:
- Lei da Gravidez, professor!
Gargalhada geral.
O Prof. Contreiras permaneceu sério, esperou as gargalhadas cessarem e, muito calmamente, perguntou ao aluno:
- Isso foi alguma brincadeira, meu filho?
O aluno respondeu:
- Não, professor! Eu pensei que era a Lei da Gravidez!
- Na realidade, chama-se Lei da Gravidade, foi descoberta por Isaac Newton, e...
O Prof. Contreiras discorreu longamente sobre o tema, encantando-nos a todos.
Hoje, tomo-o como exemplo de mestre.Didático, preciso em suas explanações, nunca o vi tomando atitudes extremas.
Naquela época, em que tudo era motivo para a imposição da disciplina, principalmente em um colégio só de meninos, tenho certeza de que, se fosse outro professor, o aluno teria sido encaminhado ao responsável pela disciplina para a devida punição por ter tumultuado a aula.
Uma outra característica do Prof. Contreiras, foi a utilização de mapas, cartazes, desenhos para ajudar os alunos a fixar a matéria.
O método mais utilizado na época era a memorização. Tínhamos que decorar lições inteiras que eram tomadas oralmente, um a um, na aula seguinte. Como resultado, repetíamos vírgula por vírgula, mas não entendíamos muito bem a matéria.
Por alguma razão, o Prof. Contreiras ficou com a minha turma por pouco tempo, sendo substituído por outro professor que continuou com o método tradicional.
Trinta e três anos depois, o Prof. Contreiras acabou nos deixando em definitivo, atendendo a um chamado Superior.
Ficaram a suas lições e seu exemplo guardados na minha memória.
*Paccelli José Maracci Zahler, bageense,engenheiro agrônomo, radicado em Brasília, DF.
30 anos depois, em um bar de Santa Maria, RS
Catedral de São Sebastião
NUNCA FOMOS TÃO FELIZES
Paccelli José Maracci Zahler
Até parece que foi ontem, mas os anos passaram depressa.
Nós nos conhecemos em 1969, no curso de Admissão ao Ginásio.
Naquela época, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora era exclusivamente masculino.
A construção antiga do colégio ainda estava em pé. Entretanto, no ano seguinte ela foi demolida e nós testemunhamos tudo.
O pátio ainda era coberto com areia grossa e todos os sábados, havia jogos de futebol.
Quem comandava as atividades esportivas era o Padre Ernesto. Ele cuidava da lanchonete e tinha criado um clube para reunir os alunos nos momentos livres.
Jogávamos pingue-pongue, sobra um, xadrez, nos reuníamos para trocar selos.
Por um preço módico, ele nos alugava camisetas e a bola para jogarmos futebol.
Havia o Padre Erwin, que começou como bedel, depois diretor do colégio.
São muitas lembranças, que começam a ser reunidas, graças aos recursos da informática.
Uma grande oportunidade para revivermos os melhores momentos de nossas vidas.
Até parece que foi ontem, mas os anos passaram depressa.
Nós nos conhecemos em 1969, no curso de Admissão ao Ginásio.
Naquela época, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora era exclusivamente masculino.
A construção antiga do colégio ainda estava em pé. Entretanto, no ano seguinte ela foi demolida e nós testemunhamos tudo.
O pátio ainda era coberto com areia grossa e todos os sábados, havia jogos de futebol.
Quem comandava as atividades esportivas era o Padre Ernesto. Ele cuidava da lanchonete e tinha criado um clube para reunir os alunos nos momentos livres.
Jogávamos pingue-pongue, sobra um, xadrez, nos reuníamos para trocar selos.
Por um preço módico, ele nos alugava camisetas e a bola para jogarmos futebol.
Havia o Padre Erwin, que começou como bedel, depois diretor do colégio.
São muitas lembranças, que começam a ser reunidas, graças aos recursos da informática.
Uma grande oportunidade para revivermos os melhores momentos de nossas vidas.
Assinar:
Postagens (Atom)