FALCÃO, CHARGISTA E ESCRITOR
Paccelli M. Zahler
Foi com seis meses de atraso que recebi o livro “Seis Contistas Bageenses”, resultante de uma Oficina de Criação Literária Alcy Cheuiche – 2004.
Fiquei muito contente em ver entre os contistas o meu companheiro de Ginásio e Científico do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora Cláudio Falcão de Azevedo, o Falcão.
Tive o privilégio de conviver diretamente com o Falcão e acompanhar o seu crescente interesse pelo desenho humorístico. Este surgia em qualquer momento ou lugar e circulavam de mão em mão durante as aulas com muito sucesso.
Na hora do recreio, Falcão mantinha-nos entretidos com suas “performances” e piadas. Eram tiradas rápidas que nos pegavam desprevenidos, particularmente a mim, que demorava alguns segundos a mais para entendê-las.
Quando o Mini-Cine Difusora passou o filme “Operação Dragão”, com Bruce Lee, o ídolo do “kung fu” e o seriado “Kung Fu”, com o David Carradine, era transmitido semanalmente pela TV Gaúcha, nossa turma ficou apaixonada pelo assunto e começou a discutir nas rodinhas formadas entre uma aula e outra a filosofia oriental.
Falcão decidiu-se por matricular-se em um curso de caratê Shotokan que havia sido aberta em Bagé. Entre suas leituras preferidas, Lobsang Rampa.
Chegamos a fazer alguns trabalhos escolares juntos. Meu grande problema era me entender com Farah Diba, sua cadela de estimação da raça Pastor Alemão (salvo engano, porque não tinha coragem de encará-la).
Modéstia à parte, a parceria deu certo e obtivemos boas notas nos trabalhos de História prescritos pelo Prof. Getúlio.
Concluído o Curso Científico (2º Grau) prestamos vestibular para a FAT-FunBa (URCAMP), na época em que as provas eram elaboradas pela Universidade Federal de Santa Maria. Ele para Medicina Veterinária, eu para Engenharia Agronômica.
Dada a diferença de assuntos e interesses, nossos caminhos se separaram.
Há cerca de dois anos, navegando pela “internet”, encontrei a página do jornal O Minuano com uma charge assinada pelo Falcão.
Olhei detalhadamente e pensei: “Tenho certeza de que conheço esse traço?”
Remexi na minha caixa de recordações, comparei alguns desenhos que guardei (os primeiros ensaios de Falcão como chargista, onde o personagem era eu) e tive certeza de que se tratava do Cláudio Falcão.
Sim, o Cláudio Falcão, fã incondicional de Arsène Lupin, personagem do escritor francês Maurice Leblanc.
Em seus contos, Cláudio Falcão mostra que seu talento como escritor caminha “pari passu” com o de chargista. Seus contos são agradáveis e refletem, com certeza, parte de suas experiências pessoais.
Chamou-me a atenção sua pequena autobiografia onde consta que “dizia desde sempre que morreria em Bagé”, não tendo hoje a mesma convicção.
Nesse ponto, temos algo em comum.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário