quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

'MARGARIDA'


Por Paccelli José Maracci Zahler.

“De tudo que é nego torto do mangue e do cais do porto, ela já foi namorada” (Geni e o Zepelin, Chico Buarque de Holanda)

Eu morava a poucos metros de sua casa ,devia ter uns sete ou oito anos de idade, e sempre o via saindo de casa para entregar marmitas no centro da cidade.
Para falar a verdade, nunca soube seu nome, apenas a alcunha de “Margarida”.
Não é preciso dizer muito sobre o seu jeito de ser e andar. “Margarida” saía de casa rebolando e chamando a atenção por onde passava.
Sempre que passava por alguns adolescentes que conversavam nas esquinas, não escapava das piadinhas.
- Aí, “Margarida”, vai ter hoje?
- Que é isso, não sou dessas, não! – ela respondia.
E os garotos caíam na gargalhada.
Certa feita, alguém perguntou:
- Como é “Margarida”, vamos ali atrás do muro?
“Margarida” respondeu na lata:
- Pra quê, se não me amas?
Ficaram todos estupefatos e um deles resmungou:
- Pô, o “Margarida” agora quer envolvimento emocional! Assim não dá!

Na década de 1970, o “Margarida” já antevia a união estável entre pessoas do mesmo sexo.

2 comentários:

Sérgio M. P. Fontana disse...

Esse sim eu conheci. Aos sábados, pela manhã ou à tarde, ele costumava aparecer lá pelo pátio do Auxiliadora. Ia observar a performance da gurizada nos jogos de futebol. Aos domingos, quando tinha jogo do Guarany, era presença certa no estádio.

Sergio Fontana

Ivelise disse...

Só tu mesmo né Paccelli pra me fazer lembrar do Margarida!!!!!!!
Que figura aquela!
Ele fazia faxina na casa de uns amigos ,o Felipe e o Marquinho
Perez , que também estudaram no Auxiliadora, mais ou menos na mesma
nossa época.
Eles moravam em uma casa antiga.A porta do banheiro tinha vidro na parte de cima e nos dias de faxina ele, o Margarida,esperava os guris irem para o banho pra começar a limpar os vidro.
Os guris ficavam brabos mas o Margarida nem dava bola.
Limpava e cantava bem faceirinho.