terça-feira, 7 de agosto de 2007

A "ESCALADA" DO CERRO DE BAGÉ


Por Paccelli José Maracci Zahler

É isso que dá querer praticar montanhismo sem ter montanhas.
Lá pelos idos de 1973, o André e eu resolvemos praticar montanhismo em Bagé.
Em Bagé, até onde sei, só há uma possibilidade: o Cerro de Bagé, com 20 ou 30 metros de altura. Assim foi.
Morávamos na mesma rua, porém, com nomes diferentes, a partir do Quartel-General do Exército.
Do norte até o QG, chamava-se Rua General João Telles; daí até o sul, Rua Emílio Guillain.
Eu morava na João Telles; o André, na Emílio Guillain, próximo ao Hospital de Guarnição de Bagé (antigo 11º Regimento de Cavalaria) e do Passo do 11 (referente ao 11º Regimento de Cavalaria).
Não me lembro se foi em um dia da semana, nas férias, ou em um final de semana que decidimos escalar o Cerro de Bagé.
Nos preparamos, de bermuda, camiseta e calçado Conga.
Como o Cerro de Bagé fica para o Sudoeste da cidade, eu passei na casa do André e de lá, atravessamos o Passo do 11, passamos pela Rua Oscar Salis, pela Rua Daltro Filho (que passou a se chamar Rua do Acampamento) e, depois de pouco mais de uma hora de caminhada, chegamos ao Cerro de Bagé.
Eu já tinha ido ao Cerro de Bagé em outras ocasiões porque, de vez em quando, aconteciam procissões ou a coleta de marcela na Semana Santa.
Subimos o Cerro e ficamos por longo tempo observando a cidade aos seus pés. Lembro-me de ficarmos conjeturando sobre a história de Bagé, o índio Ibajé e sobre quem estaria enterrado naquela tumba lá no alto.
Tendo feito a “escalada” decidimos seguir em frente pela estrada de terra para ver aonde chegaríamos.
Caminhamos, caminhamos, caminhamos. E a estrada era interminável. Fomos sair no asfalto, na estrada para Aceguá, próximo à entrada do aeroporto.
Enveredamos em direção à cidade. Minhas pernas já começavam à doer. Creio que umas duas horas depois, avistamos o Arco, depois a Praça do Cemitério. E o fôlego sumindo, as pernas doendo.
Despedimo-nos na Rua Emílio Guillain e eu fui, subindo a rua, até a minha casa.
Só me lembro de ter chegado lá pela uma hora da tarde, morto de fome. Tomei um banho, almocei e fui me deitar.
Acordei lá pelas 19 horas, com as pernas doendo; e doeram durante toda a semana.
O duro foi agüentar a gozação no Colégio N.S. Auxiliadora.
Quando souberam da aventura, os colegas começaram com gracinhas e o Falcão, em uma da suas inspirações, fez uma charge sobre nós, vestidos de alpinistas, escalando o Cerro de Bagé, utilizando cordas e mosquetões.
A charge foi “publicada” no jornalzinho “FOFOCAS”, que circulava secretamente durante as aulas, provocando risos por onde passava.

Um comentário:

Sérgio M. P. Fontana disse...

Puxa, mas esta foi uma aventura de verdade! Em matéria de escalada, valeu pela emoção de apreciar Bagé lá de cima. Mas em se tratando de caminhada deve ter sido bom até um certo ponto, mas dali para frente... .
Dá até para medir o quanto vocês andaram, através do Google Earth.

Sergio Fontana - Pelotas, RS.