sábado, 16 de fevereiro de 2008
O PAI DO RUDY E OS CASTELHANOS
Por Lucinei Silveira
Não me lembro muito bem se ocorria todo o ano e tampouco em que época eles vinham. Só sei que quando vinham, o alvoroço era grande e a disputa era ferrenha contra os castelhanos de Dom Bosco (acho que vinham de Melo).
Vinham em caravanas de atletas para disputar conosco até no palitinho. Jogávamos de tudo: futebol, vôlei, basquetebol. Até os padres jogavam conosco. Alguns até que jogavam bem, como os padres José e Ropelato.
Nós nos preparávamos com afinco para recebê-los e não fazer feio nas disputas. A rivalidade era tremenda e a gana de vencê-los maior ainda.
A disputa de futebol de campo ocorria no campo de areia do pátio do colégio.Eu nunca fui jogar lá no Uruguai, mas a turma que ia contava que a coisa ficava preta para o nosso lado.
Por causa disso, quando eles vinham nós queríamos dar o troco.No episódio que vou tentar contar eu jogava na Seleção de futebol de campo.
O jogo corria firme, vencíamos por um gol de diferença.Eu tinha acabado de entrar com a missão de marcar ''feito um carrapato''(embora tivesse tentado sem sucesso convencer o Professor Paulinho para me escalar como atacante) um baixinho que estava infernizando a nossa defesa.
Segundo o nosso treinador, eu era um jogador muito veloz, porém de baixo quilate técnico, como diriam os narradores daquela época .
Tudo corria bem quando, em uma disputa pela lateral, dei um chega pra lá no “castilla” e chutei a bola para fora.
O Nenão, irmão do Rudy, que estava assistindo o jogo, pegou a bola e jogou para fora do colégio (naquele lado onde ficavam os banheiros).Isso foi o estopim de uma verdadeira revolta da equipe uruguaia que partiu para cima do Nenão feito” camoatim de mel campeiro”.
O mais revoltado de todos era exatamente o baixinho sob minha responsabilidade de marcação.
Estávamos todos envolvidos naquela confusão e meio assustados, pois os gringos eram mais velhos. De repente, surge o ''Seu Rudy'' o pai do Nenão, pega o castelhano pelo pescoço e grita:
-Tu deixa o meu filhinho em paz!
Detalhe: o Nenão, já naquela época, media quase dois metros de altura e o uruguaio nem chegava ao seu umbigo.
Foi um santo remédio, pois conseguimos levar o jogo em banho-maria.
O nosso herói ficou até o final do jogo na beira do campo, cuidando do seu filhinho e de todos nós que naquele dia também nos sentimos protegidos.
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