quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A LISTA NEGRA



Por Sergio Fontana

A pior coisa que podia acontecer a um aluno do Auxiliadora nos idos dos anos 70 era figurar na "lista negra", também chamada pelos próprios alunos de "máscara negra", logo que apareceu, em 1969. A pasta de arquivo com abas - de cor preta no início e que depois, com as sucessivas trocas, mudou para uma espécie de cinza-azulado-claro - ficava em cima da mesa do professor e media, aproximadamente, 15 por 21 centímetros, de modo que dentro dela coubesse uma folha-padrão A5. Essa folha era um quadro de horários em branco, onde qualquer desvio de conduta por parte de um aluno que merecesse mais do que uma simples advertência, era ali registrado, no espaço correspondente à disciplina que estava sendo ministrada.
Na metade do último período de aulas, mais ou menos, o seu Bráulio - e uns anos mais tarde, o Glênio - passava em todas as salas de aula para devolver as cadernetas (ou "cardenetas" como diziam alguns colegas do ginásio, ainda não familiarizados com a palavra) e levava a tal pasta embora. Poucos minutos antes da saída, todo o aluno que tivesse o seu nome registrado na temida lista era convocado a "prestar depoimento" junto à direção do colégio. A punição era imposta de acordo com a gravidade da falta praticada e ia desde uma enérgica advertência até uma suspensão por alguns dias, tudo registrado, em vermelho, na caderneta escolar. A minha experiência nesse tipo de situação, felizmente, foi quase nenhuma, mas muitas vezes tremi de pavor diante da ameaça de ter o meu nome escrito na “lista negra”.

Um comentário:

malupf disse...

Eu prefiro chamá-la de "máscara do terror". No meu tempo certa vez a folha que a recheava sumiu. Eu sempre suspeitei, e acredito que não só eu que o responsável foi um cara que me acompanhou desde o Silveira embora nunca tenhamos sido colegas de turma ( cursava-mos turmas paralelas). O cara era terrível mas era também boa gente. Lamentavelmente acredito que tenha sido ele que veio a falecer em circunstâncias da violência do nosso tempo a alguns anos atrás em Bagé. A descrição batia com ele infelizmente.