terça-feira, 10 de julho de 2007

A EXCURSÃO A SANTA ROSA, RS

 

Por Paccelli José Maracci Zahler

Foi entre 1973 e 1974, pois a memória já me falha um pouco depois de 30 anos, que a Banda Marcial do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, Bagé, RS, onde eu tocava tarol fez uma excursão a Santa Rosa, RS, para a inauguração do Ginásio de Esportes do Instituto Educacional Dom Bosco.
Um ônibus foi fretado especialmente para a empreitada.
O ônibus parou em frente ao colégio, despedimo-nos de nossas famílias e fomos atravessar o Rio Grande do Sul para nos apresentarmos em Santa Rosa.
Mal embarcamos e foi dada a ordem:
- Hoje, ninguém vai dormir! Quem tentar, será sumariamente acordado!
E assim foi.
Viajamos a noite inteira fazendo bagunça, tocando clarins e tambores, até chegar a Santa Rosa.
O ônibus parou no dia seguinte em frente ao Instituto Educacional Dom Bosco, onde fomos (mal-)recebidos pelo “Topo Giggio”, um padre, cujo nome não me lembro, que havia sido Conselheiro do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e que não havia gostado da experiência com os alunos bageenses.
Ganhara o apelido de “Topo Giggio” porque, na época passava na televisão um programa apresentado pelo ator Agildo Ribeiro com um ratinho italiano de orelhas de abano.
Quando nos apresentamos para o “Topo Giggio”, ele já foi nos dizendo que não poderíamos ficar hospedados no Ginásio de Esportes porque este estava reservado para as Patinadoras de Erechim, as quais se apresentariam durante a inauguração.
O Padre Lino, mestre da banda, ficou sem saber o que dizer porque o combinado era de que nos deslocaríamos para Santa Rosa, ficaríamos hospedados nos alojamentos do Ginásio de Esportes, nos apresentaríamos no dia seguinte e voltaríamos à noite.
Sem jeito, o Padre Lino nos disse que teríamos que voltar no mesmo dia porque não havia como nos alojarmos em Santa Rosa e nos liberou para conhecermos a cidade. Por outro lado, avisou para estarmos às 11h30min no Ginásio, pois faríamos um desfile pela rua principal da cidade.
Saímos a caminhar sem rumo, dobrando ruas e avenidas. Lá pelas 11 horas, fomos comer alguma coisa.
Eu não estava acostumado com viagens e estava um pouco enjoado.
Junto com o Arlindo e o Gobbo, fomos a uma lanchonete, a Gralha Azul, onde o Arlindo pediu um sanduíche com ovos estrelados. Ao ver os ovos estrelados sobre o sanduíche, meu estômago deu voltas. Para não ficar com fome, pedi um sanduíche de presunto e queijo com refrigerante, que foi aceito pelo estômago sem reclamações.
Alimentados, ficamos conversando na mesa da lanchonete, quando passou o Cabeção (Saavedra) com sua máquina fotográfica “Flicka”, que tinha anúncio nos gibis e era vendida pelo reembolso postal.
O Cabeção era o único que tinha levado uma máquina fotográfica e estava registrando tudo. Porém, na primeira virada de esquina, a máquina fotográfica bateu na sua perna e se abriu, velando todo o filme, apesar de todos os esforços para recuperá-lo.
Voltamos para o Ginásio e colocamos o nosso uniforme.
O Padre Lino conseguiu que um jipe do Corpo de Bombeiros fosse na frente da banda com a sirene ligada para chamar as pessoas para nos assistirem. E assim aconteceu.
Sob o sol escaldante, um calor danado, o jipe do Corpo de Bombeiros com a sirene ligada, a banda tocando o seu melhor e ninguém se deu ao trabalho de sair à janela para ver e ouvir a nossa apresentação.
Voltamos para o Ginásio de Esportes, tiramos o nosso uniforme e ficamos observando os ensaios das Patinadoras de Erechim, caminhando de um lado para outro, esperando o tempo passar para voltarmos a Bagé.
No final da tarde, lá pelas 18 horas, recebemos a notícia de que seríamos recepcionados por uma instituição evangélica com um jantar.
Ficamos morrendo de vergonha, eu, particularmente. Depois de tantos anos estudando em educandários católicos, tivemos que depender da boa vontade e da generosidade de uma caridosa igreja evangélica.
O jantar foi servido com muito carinho, um verdadeiro encontro ecumênico, como Nosso Senhor, certamente, havia idealizado.
Voltamos cansados para Bagé e, logicamente, todos dormiram a viagem inteira.
Ao chegarmos em frente ao Colégio N. S. Auxiliadora, um engraçadinho gritou:
- Não podemos ir embora, não! O Padre Lino disse que vamos ter aula!
Houve um grito em uníssono:
- Aqui, ó, que vamos ter aula! Ele que nos obrigue a assisti-las para ver o que acontece.
Gargalhada geral.
Todos foram para casa e, no outro dia, não se falava em outra coisa.
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