terça-feira, 17 de julho de 2007

O PROFESSOR DE DESENHO

 


Por Paccelli José Maracci Zahler


Boaventura Miele Rosa era o seu nome. Vestia-se com sobriedade, sempre de paletó, óculos pesados, e elegância.
Tinha uma caligrafia primorosa, tanto que, no início do ano letivo, quase todos os alunos pediam para que ele escrevesse a identificação do caderno de desenho; além de uma habilidade com o canivete, que, praticamente, esculpia a ponta do lápis ao invés de apontá-lo. Do mesmo modo, muitas vezes quebrávamos a ponta por gosto, só para pedir para ele para fazê-la daquele seu jeito; e ele gentilmente nos atendia com paciência. Apontava quatro ou cinco lápis durante a aula.
Era hábil com giz e material de desenho, diria até que era um experto em arte efêmera. Seus desenhos ficavam tão bonitos que o professor seguinte lamentava ter que apagá-los do quadro.
Procurava manter a seriedade em todas as aulas. Não me lembro de tê-lo visto sorrir, fazer pilhérias ou contar piadas em sala de aula.
Quando via alguém brincando ou fazendo gozações em sala de aula, olhava sério para o aluno e dizia:
- Homem que ri para mim, reticências para ele!
E a turma silenciava na hora e voltava aos afazeres.
Procurava incentivar-nos, não apenas na execução correta dos desenhos, na sua maioria técnicos, pois, segundo ele, iríamos precisar na faculdade, principalmente que iria fazer engenharia; incentivava-nos no estudo da História, da Geografia, da Astronomia.
Quando um cometa estava se aproximando da Terra, ele discorreu sobre o que é um cometa e nos ensinou a desenhar a sua órbita; ensinou-nos a desenhar o Brasão de Armas da República, o Brasão de Armas do Rio Grande do Sul.
Quando faleceu o Dr. Átila Taborda, ele comentou sobre sua biografia, sua obra e recomendou que lêssemos o livro escrito por ele porque tínhamos que valorizar as figuras eminentes da nossa cidade.
O que ele nos ensinou foi muito útil quando cursei a disciplina de Desenho Técnico na faculdade.
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