domingo, 2 de setembro de 2007
O 'SÃO JOÃO' DO HELTON
Por Paccelli José Maracci Zahler
O Helton, conhecido como Touro, era uma figura folclórica em nossa turma. Estava sempre brincando e dizendo piadas, alegrando o ambiente.
Ele morava perto do Hospital da Santa Casa de Caridade e era praticamente vizinho do Arlindo Almeida.
Eu me lembro que o Arlindo nos convidava, aos sábados, para jogarmos futebol no pátio da casa dele, em um ‘campo’ improvisado, apelidado de ‘Maracasa”, em alusão ao Estádio do Maracanã.
Passávamos a semana inteira juntos e, aos sábados, nos reuníamos para jogar futebol na casa do Arlindo. A coisa começava lá pelas 13 horas e se estendia até o pôr-do-sol.
O Helton participava ativamente das quermesses promovidas pelo Colégio N.S. Auxiliadora por ocasião das festas juninas.
Eu me lembro que eram vendidos canecos em miniatura, no modelo de canecos de chope, que davam direito a uma ou duas doses de quentão de vinho tinto.
Nós enchíamos os canequinhos e íamos conversar em uma sala de aula no térreo do edifício do colégio.
Uma vez, estavam reunidos uns vinte colegas, conversando bobagens, contando piadas, falando sobre futebol.
O Helton de vez em quando imitava a personagem “Norminha”, protagonizada por Jô Soares, na televisão. Não me lembro se era no programa ‘Balança mas não cai’ ou em um programa do próprio Jô Soares. Todos riam até chorar. Além dessa habilidade, era torcedor fanático do Colorado, o Internacional de Porto Alegre.
Em uma dessas ocasiões, aproximava-se o Grenal, e o Internacional estava muito bem no campeonato.
No entusiasmo do seu fanatismo, o Helton vaticinou:
- O Inter vai ganhar esse Grenal, disso eu tenho certeza!
- Que é isso Helton! Diante do Grêmio, o Inter não tem vez! – disse um.
- Pois eu aposto, o Inter vai ganhar – reafirmou o Helton.
- Vai ganhar nada, o time do Inter é formado por um bando de pernas-de-pau! – disse outro.
- Vamos combinar o seguinte – disse Helton – se o Inter perder, eu dou o que vocês quiserem!
Não teve dúvida, os demais começaram a maliciar.
- Êpa! Que história é essa? – falou outro.
- Oigalê! Quanta disposição, hein, Helton! – disse o Arlindo.
- Podem escrever o que estou dizendo, o Inter vai ganhar – reafirmou o Helton.
- Pessoal, vamos fazer uma lista em ordem alfabética ou um sorteio – disse um gaiato.
- Helton, cuidado com falsas promessas e falsas apostas. Nós vamos te cobrar – falou o João Leite, caindo na gargalhada.
O Helton estava certo. O Inter ganhou de goleada e todos os gremistas ficaram com a cara no chão.
Em outra ocasião, o Helton planejou uma fogueira na rua. Fez vaquinha para comprar a lenha, os fogos de artifício, o amendoim, a pipoca.
Todos os anos, a comemoração de São João organizada por ele era um sucesso.
Quando chegamos no colégio, na segunda-feira, tivemos uma triste notícia: o Helton havia se acidentado.
Buscando informações daqui, outra dali, o Arlindo Almeida, testemunha ocular, nos contou o que houve.
A brincadeira consistia em acender o pavio de uma bomba rojão e colocar uma lata de leite em pó ou de leite condensado ou, ainda, de óleo de soja em cima, só para ver a lata subir a cerca de 10 metros de altura e ver fundo da lata ficar no formato côncavo.
No auge do entusiasmo, o Helton teve a idéia de fazer a brincadeira com duas bombas e duas latas ao mesmo tempo.
Acendeu a primeira bomba e colocou a primeira lata; em cima desta, acendeu uma segunda bomba e colocou uma segunda lata. Na hora de correr, a segunda lata caiu ao chão e ele foi tentar recolocá-la. Neste exato momento, a primeira bomba estourou e a lata rasgou sua testa, dando um talho de 10 a 12 centímetros.
Todos se apressaram para socorrê-lo, temendo pelo pior. Temiam que fragmentos da lata tivessem atingido seus olhos.
Como morava próximo do Hospital da Santa Casa de Caridade, seu atendimento no pronto-socorro foi rápido.
Alguns dias depois, ele apareceu no colégio com um curativo e explicando o que tinha acontecido.
Após a retirada dos pontos, ficou com uma enorme cicatriz na testa.
Alguns comentaram:
- O Touro é louco!
Fontes das imagens: Internet e www.cb.sc.gov.br.
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2 comentários:
O Elton (Zebú), depois da nossa formatura em 1976, foi morar conosco em Pelotas na pensao da tia...(esqueci!!!),mas nao durou muito tempo, foi para Sao Leopoldo perdemos contato.Na referida pensao moravamos, eu,Werner, Cor de Rosa e o Zebú.Bons tempos.
Eu ia comentar justamente o que o Lucinei colocou. O Elton não é "Touro" é "Zebu".
Nos conhecemos há muitos anos. Nossos pais são amigos desde solteiros.
O Zebu mora em Bagé.
Na história da bomba eu estava junto, foi na frente da minha casa na Fabricio Pilar.
Mas o Zebu tem várias histórias desastradas.
Fomos convidados para uma festinha na casa do Cabeção,nosso colega.O Zebu chegou com tudo, derrubando uma árvore de Natal linda que estava na entrada.Quase morremos de vergonha da mãe do Cabeção.
Outra vez nós estavamos brincando de apertar a campainha da casa dos vizinhos, nossa brincadeira predileta.O Zebu enfiou a cabeça na grade para poder alcançar e a gurizada apertou a campainha bem nessa hora. Saimos todos em diparada e ele ficou entalado na grade ouvindo aquele senhor chato xingá-lo.
Estavamos prontos para um baile de carnaval infantil e o Zebu chegou todo bonitão .Calça branca e camiseta listrada. O verdadeiro malandro. Nessa época o INSS estava em obra e nos brincavamos por ali.Pois não é que o Zebu resolveu se esconder justamente lá? Quando ele apareceu ninguem conseguia chegar perto.O cheiro era insuportável.
Do joelho pra baixo estava tudo marrom. Os caras da obra tiraram a "casinha" usada como banheiro e não taparam o buraco.
Nós estavamos sempre inventando coisas pra brincar. Um dia os guris resolveram brincar com pneus de carro e o Zebu, sempre muito criativo, entrou num pneu e se jogou ladeira abaixo, na Fabricio Pilar.Se não me engano ele só quebrou um braço.
Numa dessas brincadeiras ,contruimos carrinho de lomba e fomos para um morro ao lado da Santa Casa.Estavamos brincando quando de repente o Zebu sumiu no meio de um matinho.Só que o matinho era um espinheiro. Já viu como ele apareceu né?
Tem muita história do Zebu pra contar!
É muito bom lembrar dessas histórias.
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