terça-feira, 22 de janeiro de 2008

ALAOR


Por Sergio Fontana

Eu não sei se alguém conheceu (ou ainda se lembra) do Alaor. Assim como o Jorge, o Margarida e o Quarenta-e-quatro, ele era, e continua sendo, uma figura folclórica em Bagé.
Eu andei por lá no Natal/2007 e o vi. Ele havia ganhado um apito de presente de um guarda noturno e andava por todo o centro da cidade apitando como se fosse um verdadeiro guarda noturno, só que durante o dia.

Eu me lembro de um caso engraçado do Alaor, que vou relatar a seguir.
O trajeto do ônibus da empresa Anversa, que cobria a linha da Avenida Sete de Setembro, lá pela segunda metade dos anos 70, era assim: saía da AABB e descia em direção ao Arco pela Tupy Silveira e início da Avenida Sete até a Marechal Deodoro, e depois seguia pela Osório até o Arco. Na volta passava pelas mesmas ruas no sentido inverso.
Num sábado de manhã, em 197..., eu e o meu pai desembarcamos em frente à sede da AABB, no final da linha. O motorista do ônibus, naquela ocasião, estava encontrando dificuldades para manobrar o veículo de ré e recolocá-lo para partir novamente em direção ao Arco porque o prolongamento da Tupy Silveira não era pavimentado e a rua era muito abaulada, em função dos patrolamentos que visavam favorecer o escoamento da água da chuva.
O Alaor, que costumava andar sempre por aquelas proximidades, tendo observado a dificuldade do motorista, tomou a iniciativa de orientá-lo. Correu para trás do veículo, posicionando-se à visão do espelho retrovisor, e começou a gritar:
- Vem, vem!
E o ônibus recuando.
- Vem,vem, vem!
E o ônibus ainda recuando.
- Vem,vem, vem!
Até que a roda traseira esquerda, e conseqüentemente o ônibus inteiro, caiu na valeta.
Então, o Alaor gritou com a mesma tranqüilidade de antes:
- Deu!

Não tivemos coragem de ficar ali para ver a reação do motorista.

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